Publicado em 24 de dezembro de 2021
Dissertação sobre o uso da Experiência de Usuário como métrica para captação de investimentos privados recebeu nota 19/20 e olhares de investidores europeus
Quando iniciou o curso de Publicidade e Propaganda no IESB, em 2013, a jovem Larissa Rios, de apenas 20 anos à época, não imaginava que a carreira acabaria a levar para o mundo dos games, muito menos que seria no setor de economia. Oito anos depois, a mesma Larissa chegou ao título de Mestre em Investimentos Privados, Experiência de Usuário e Mercado de Games Independentes, pela Universidade da Beira Interior, em Portugal. Nas mais de 230 páginas da dissertação, a jovem pesquisadora propôs um modelo que aplica a Experiência de Usuário como “valuation” – critério de risco utilizado por investidores – para empresas produtoras de videogames independentes de pequeno e médio porte.
O estudo investigou cerca de 40 estúdios independentes, além de sete grandes conglomerados que aplicam dinheiro nestes projetos, em países europeus como Portugal e Itália. “Esse critério ainda não é falado nem discutido nas mesas de investidores, e tampouco pelo próprio mercado de games. A UX é sim um critério de risco, pois leva em conta a opinião do público-alvo para com o produto, se faz sentido dentro daquela comunidade e se cria uma comunidade em torno de si”, comenta a mestre.
“As empresas nascem sem dinheiro, sem nenhum tipo de capital, não sabem como captar um investidor-anjo. Muitas vezes esses negócios não sabiam como escalar nem como chegar ao nível internacional”, comenta. Foi a partir da premissa que a jovem iniciou sua dissertação.
A dissertação de Larissa despertou o interesse de empresários para investirem em maiores insumos com relação ao modelo de valuation, e ainda recebeu nota 19/20 em sua defesa.
Mas a pesquisadora nem sempre soube que esse seria o caminho. Formada no IESB em 2017, Larissa conta que aproveitou ao máximo o tempo de faculdade para aprender técnicas e “misturar” conceitos que aprendia em cursos e palestras. “O dinheirinho que eu ganhava no estágio era usado pra pagar um curso de Design 3D, ou juntava um pouquinho a mais e ia para São Paulo participar de conferências do PixelShow”, relembra em meio a risos.
Marketing, Publicidade e Administração no meio dos Jogos
Em alguns desses cursos, Larissa percebeu a oportunidade de conhecer mais sobre o mundo dos games. Convidada para participar de um curso de modelagem 3D, a então estudante ainda em seus primeiros passos na carreira, “descobriu” o mundo por trás do desenvolvimento de jogos e se encantou. Quando concluiu seu curso, estava focada em aplicar seus conhecimentos adquiridos com o curso de Publicidade em um mercado que crescia e se profissionalizava aos poucos no país. “Ao longo de um ano, produzi o TCC realizando uma pesquisa acerca de Estratégias de Marketing para Estúdios de Jogos Independentes. A pesquisa deu muito certo, me afundei no mercado de games de Brasília, conheci muita gente”, salienta.
Quando graduada, apostou algumas fichas na criação de uma empresa dedicada a prestar consultoria de Marketing para pequenos desenvolvedores independentes, e foi tomando cada vez mais gosto. Alguns anos se passaram e ela percebeu a necessidade que muitas empresas tinham no Brasil de captar investimentos maiores que as colocassem na rota mundial dos Jogos.
“Eu percebi essa necessidade no mercado de produção e desenvolvimento de jogos a nível empresarial. E digo por experiência própria, como dona de empresa que sentiu essa dificuldade na pele: a maioria das empresas, estamos aqui falando de startups de base tecnológica, que precisam se preocupar com escalabilidade. São negócios que precisam e querem se tornar internacionais”, ressalta.
Atualmente, a jovem atua em uma empresa portuguesa, e mora na Inglaterra. “Minha ideia inicial era ir para a capital dos Games, no Japão, mas as voltas que o mundo dá me fizeram esperar um pouco. Mas agora, quem sabe meu doutorado não seja por lá? Seria um sonho!”, conclui.
Por Felipe Caian