Publicado em 1 de julho de 2021
Coloridas, artes homenageiam Brasília, Ceilândia e a Ciência
O Centro universitário IESB, campus Oeste, em Ceilândia, ganhou novas cores. O que antes era uma parede branca, agora possui desenhos e formas. É a arte do grafite que encanta e enche os olhos de alunos, professores e visitantes.
O painel com traços de Brasília e Ceilândia ficou por conta de Elom. Filho e morador da cidade administrativa, o grafiteiro tem mais de 25 anos dedicados à arte em espaços públicos. Com obras espalhadas por todo o Distrito Federal, Elom vê nestes projetos a oportunidade de retribuir à cidade que ama e reside. Muitos de seus trabalhos contém referências à Ceilândia, cidade que completou 50 anos em 2021, e Brasília, capital do Brasil. “A homenagem faz parte dessa história. Me tornei personalidade desses 50 anos com muito orgulho e a inspiração sempre vem dos ambientes e das pessoas que transitam nesses locais por onde trabalho”, explica Elom ao reforçar a importância de deixar um legado positivo para seu filho e as próximas gerações.
Já o painel inspirado na Ciência foi realizado pela equipe Gurulino, com Pedro Sangeon em parceria com o artista Renato Moll. “A ideia do mural é mostrar a relação com o conhecimento. E como o meu trabalho tem um caráter de afeto e união, a ideia foi trazer a história da logo do IESB, que tem a ver com o farol e a faixa de luz que ilumina o caminho do aluno, para representar essa trajetória. Então, eu trouxe o Gurulino, personagem zen que eu já faço nas ruas desde 2012, e duas pessoas, representando o ensinar e o aprender”, conta Pedro ao enfatizar os traços. “No desenho, as pessoas vão perceber que a faixa de luz sai da cabeça de um personagem e termina no coração do outro, destacando esta importante relação entre professor e aluno, e como o conhecimento se torna aprendido. É isso que eu entendo que acontece: quando você recebe de alguém uma informação muito concreta, você guarda no coração e realmente aprende”, explica o artista, que guardou no coração o ensino e a paixão pelo grafite.
Ele conta que foi na universidade, onde aprendeu a trabalhar com a arte diretamente na rua. “Tive uma formação que era para ser de um artista de galeria, mas, em um momento da faculdade, tive também a sorte de ter uma professora que inventou uma matéria para ensinar as possibilidades de levar o nosso trabalho para as ruas. E foi incrível porque, no Brasil, a necessidade de trabalhar a arte ao ar livre é básica e fundamental. Somos um país com uma situação muito específica e o acesso das pessoas às galerias ainda é restrito. Então, acredito que todo artista deveria experimentar fazer algo deste tipo. Eu comecei fazer e não consegui parar mais. A rua é lugar de descoberta, aprendizado e um importante veículo para comunicar e fazer essa transformação social que a gente quer que aconteça”, afirma Pedro.
“A arte faz bem para os olhos e as pessoas. Estamos em uma universidade e a nossa função também é promover a cultura. Este foi um dos objetivos do nosso mantenedor Edson Sousa, ao idealizar esses painéis. Tão logo a pandemia acabar, quando voltarmos a ter aulas presenciais, todos da comunidade IESB vão poder ver e se alegrar com esses belíssimos trabalhos”, completou a professora Mirela Berendt, diretora do Campus Ceilândia.
Saiba mais
A arte do grafite é uma forma de manifestação em espaços públicos. Seu aparecimento na Idade Contemporânea popularizou na década de 1970, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, quando alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade.
No Brasil, o grafite chegou ao final dos anos de 1970, em São Paulo. Hoje o estilo desenvolvido pelos brasileiros é reconhecido entre os melhores do mundo.
A tinta mais usada pelos grafiteiros é o spray em lata. O látex é aplicado sobre máscaras vazadas, para demarcar a região a ser pintada.
Veja os principais termos e gírias utilizadas nessa arte:
• Grafiteiro/writter: o artista que pinta.
• Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro.
• Crew: é um conjunto de grafiteiros que se reúne para pintar ao mesmo tempo.
• Tag: é a assinatura de grafiteiro.
• Toy: é o grafiteiro iniciante.
• Spot: lugar onde é praticada a arte do grafitismo.