Aluna de Cinema reflete sobre tabus e preconceitos enfrentados pela comunidade surda

Publicado em 23 de setembro de 2021

Beatriz Cruz afirma que o combate à desinformação e a interação de pessoas não deficientes com PCDs é imprescindível para abrir a mente da sociedade

No Brasil, atualmente são mais de 10 milhões de cidadãos que têm algum grau de surdez, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Destes, 2,7 milhões possuem surdez profunda. A comunicação para essa parte da população, infelizmente, ainda é restrita, isso porque a Língua Brasileira de Sinais (Libras) continua sendo pouco explorada pela população ouvinte. Em 23 de setembro, comemora-se internacionalmente o Dia das Línguas de Sinais, em sequência, em 26 de setembro, é comemorado o Dia Nacional dos Surdos, para além de comemorações, este é um momento em que podemos refletir sobre a inclusão de pessoas surdas em nossos meios sociais e espaços públicos e, ainda, pensar na importância do acesso geral à Libras em todo o país.

De acordo com a aluna do curso de Cinema do Centro Universitário IESB Beatriz Cruz, o pouco contato com pessoas surdas fortalece o tabu da língua que precisa urgentemente ser desconstruído. “Para aprender sobre a Libras e desconstruir tabus sobre a língua, é importante ter contato com pessoas que a usam e falam a partir e sobre ela”, explica.

Diagnosticada aos 14 anos com perda auditiva neurossensorial (morte de células ciliadas) nos dois ouvidos em grau moderado, Beatriz conta que, hoje, com o fácil acesso à internet, entender e aprender sobre Libras se tornou algo bastante simples, isso porque há uma boa quantidade de influenciadores surdos que abordam o assunto em suas redes, além de cursos acessíveis. “É importante lembrar que nem todo surdo fala em Libras. Tem quatro graus de surdez e as opções tecnológicas existem. A Libras é importantíssima, mas não é símbolo de toda a comunidade surda”, ressalta.

Beatriz conta que um dos maiores desafios enfrentados é a impaciência daqueles que se comunicam com ela e que, por ter uma boa dicção, alguns a menosprezam e não acreditam nas dificuldades que a aluna relata sentir ao se comunicar. “Eu preciso fazer leitura labial, se falarem comigo de costas para mim ou em um ambiente pouco iluminado, com muitos ruídos, eu dificilmente vou entender”.

Aluna do 2º semestre de Cinema e Mídias Digitais, Beatriz afirma que quanto maior a convivência de pessoas sem deficiência e com deficiência, menos os preconceitos reverberam e fica ainda mais fácil acabar com os tabus. Além disso, é importante combater a desinformação e pensamentos populares como achar que todo surdo é mudo. “Hoje a gente sabe que o termo surdo-mudo é errado, porque uma pessoa só é considerada muda se ela não tiver condição médica de produzir o som da voz. A surdez não é relacionada à garganta. Os surdos podem ser oralizados ou não. Surdos podem usar aparelhos auditivos, implante coclear, ou nenhum dos dois. Tem vários desses desconhecimentos básicos que circulam muito”, pontua.

Por Vitória Alice Silva

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