Ascensão do totalitarismo alemão no século 20 e os contextos históricos

Publicado em 1 de julho de 2020

TCC de egressa faz paralelo entre o passado e o presente, com a volta de discursos e símbolos antidemocráticos e neonazistas

O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da egressa Luísa Helena de Mesquita, para o curso de Relações Internacionais, em 2017, analisa a escalada de fatos e circunstâncias que levaram à criação e queda da República de Weimar, na Alemanha, durante o período entre as Grandes Guerras Mundiais. Segundo ela, é possível traçar um paralelo entre aquele período e o momento atual, com a aparente volta de discursos e símbolos antidemocráticos e neonazistas.

“Numa perspectiva acadêmica é importante compreendermos o que contribuiu para a ascensão do regime Nazista alemão. Deste modo, podemos nos precaver dos contextos que possam terminar em novos movimentos extremistas como esse”, ressalta Luísa.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os alemães – principais derrotados do conflito – passaram por uma crise econômica e política, que culminou no fim do imperialismo no país, a criação de uma república e uma preocupação constante com o futuro da nação. “Logo após o fim da Grande Guerra, entre 1918 e 1919, a Alemanha chegou a sofrer uma tentativa de revolução socialista, nos moldes do que ocorreu na Rússia alguns anos antes”, explica.

A República de Weimar e a ascensão nazista

Alemanha Pré-Hitler: crise em todos os lados

Em 1929, o crash da Bolsa de Valores (grande depressão) de Nova Iorque espalhou-se pelo mundo, e também pegou a Alemanha. A taxa de desemprego no país cresceu para 45% em 1932. Ao mesmo tempo, manifestações ligadas aos partidos comunistas eram cada vez mais reprimidas na capital germânica. Em meio a esse cenário caótico, ascendia ao poder o maior líder autoritário da História – responsável pela morte direta e indireta de mais de 6 milhões de judeus – ao poder: Adolf Hitler.

“Ele não aceitou a derrota alemã na Guerra, e considerava os líderes políticos da República de Weimar traidores, por assinarem o armistício em 1919. No mesmo ano, ele discursou pela primeira vez, para um público de 111 pessoas numa cervejaria. Dali em diante, sua plateia só crescia”, ressalta Luísa.

A era Hitler

Em 1926, o austríaco naturalizado alemão tornava-se líder absoluto do Partido Nacional Socialista alemão, que ficou conhecido popularmente como partido nazista. Em 1932, concorreu nas eleições a Presidente, porém foi derrotado. No ano seguinte, Hitler lidera, junto aos nazistas e com apoio militar, um golpe de Estado que derruba a a República de Weimar e instaura enfim o Terceiro Reisch.

“O fator economia não foi o único responsável para o declínio da democracia alemã. Os fatos ocorridos antes e durante a República de Weimar, ou seja, na história na nação de modo geral, foram contribuindo para a ascensão de um governo autoritário, racista, xenofóbico e antidemocrático”, salienta a egressa.

Durante toda a trajetória de Hitler ao poder, seus discursos induziam à culpabilização de grupos específicos da população alemã. A razão, em grande parte, devia-se ao acúmulo de bens e riquezas por parte dos judeus que habitavam o país. No entanto, o ódio que o líder nazista disseminava o transformou em um dos maiores genocidas da história, aborda o TCC.

Paralelo com a atualidade

As vitórias de Donald Trump, em 2016, nas eleições norte-americanas, e de Jair Bolsonaro, em 2018, no Brasil, têm alguns resquícios desse passado, aponta o trabalho da egressa. “Os palcos estão bastante parecidos com os que envolveram a Alemanha nazista do início do século XX”, diz trecho.

Por Felipe Caian Dourado

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