Incêndio no Museu Nacional completa uma semana

Publicado em 12 de setembro de 2018

Sete dias depois da tragédia no maior museu do país, especialistas relatam perdas históricas

As cinzas se espalharam e as memórias não nos deixaram esquecer que o Museu Nacional ardeu em chamas no último domingo (2/9). A mais antiga instituição científica do Brasil perdeu a maior parte do acervo de 20 milhões de itens e segue com o futuro indefinido.

O doutor em Arquitetura e professor do Centro Universitário IESB, Cláudio Bull, afirma que a perda é irreparável, mas que deve servir como lição para que a sociedade entenda a importância da valorização da nossa história e cultura. “Sou a favor do museu ficar em ruínas, sou a favor da memória da dor, essa memória do descaso não pode ser remendada”, explica o antropólogo.  

Segundo informações do Museu Nacional, uma “vaquinha virtual” foi realizada com o objetivo de arrecadar recursos para reabrir a sala do acervo onde ficava a instalação do dinossauro Dino Prata, o primeiro dinossauro de grande porte montado no Brasil, com 13 metros de comprimento e grande sucesso entre o público.

Apesar das dificuldades, o Museu Nacional completou 200 anos e era um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas. Cláudio Bull conta que o incêndio do museu é uma metáfora que representa os eventos políticos, econômicos e culturais do país nos últimos anos.

“O incêndio do museu está ligado desde a questão da educação a própria relação com a baixa leitura, a falta de consumo de leituras de jornais semanais e a desvalorização da cultura, esse incêndio acontece em muitos setores da sociedade brasileira e o incêndio só materializou isso”, pondera Cláudio.

O Museu Nacional possuía importância para diversas áreas do saber, já que o vasto acervo representava os registros da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas formado ao longo de mais de dois séculos de pesquisas.

O professor do curso de Arquitetura e Urbanismo do IESB, Guilherme Goretti, afirma que a perda foi muito além do material, foi uma perda histórica e de identidade dos brasileiros. “De fato, significava e representava a mudança do Brasil para que se adequava as novidades da época.  O museu estava associado a uma ideia do progresso, um país do futuro”, comenta o arquiteto. O incêndio de mais um museu no “país do futuro” pode ser um alerta para que o governo e a sociedade valorizem e revejam a importância de patrimônios históricos e científicos.

Por Andréia Bastos, aluna do 7º semestre do curso de Jornalismo

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