Publicado em 5 de abril de 2017
A experiência de estudar no México tem sido interessante em diversos aspectos. A Universidade em si é muito bem estruturada e os professores são bastante atenciosos e didáticos. E, apesar de o ensino ser baseado em quadrimestres e o ritmo ser mais acelerado do que o que estou acostumada, tenho me adaptado bem.
As disciplinas têm sido muito proveitosas. Estudos sobre África e Oriente Médio me chamam bastante atenção pela profundidade dos assuntos aos quais, muitas vezes, não temos conhecimento suficiente. Psicologia social, surpreendentemente, tem sido mais aplicada à minha vida como intercambista do que à minha vida enquanto internacionalista; o que tem sido ótimo, pois estar em outro país é, sobretudo, um longo período de reflexão pessoal, social e cultural. Pensar sobre essas questões e, ao mesmo tempo, ter uma base da psicologia é uma experiência inusitada. Além disso, as aulas de espanhol me fizeram progredir muito quanto à prática do idioma, assim como o fato de estudar francês e ter oportunidade de morar com franceses, o que me fez voltar a estudar este idioma que por um tempo eu havia abandonado pela dificuldade que sentia.
Agora começo um nível avançado de espanhol e também estudos sobre antropologia mexicana que, sem dúvidas, serão essenciais para o artigo científico que estou desenvolvendo sobre povos indígenas mexicanos e políticas indigenistas. À parte, tenho conhecido muitas cidades como Cidade do México, Tequila, Guanajuato, San Miguel de Allende, as pirâmides de Guachimontones e o Lago de Chapala; e também tido a oportunidade de praticar o espanhol diariamente com mexicanos e pessoas de várias nacionalidades, como da Coreia do Sul, China, Dinamarca, EUA, Lituânia, Colômbia e França.
De modo geral, o México chama atenção pelo fato de se parecer ao Brasil em muitos aspectos, o que me faz sentir mais a vontade entre as pessoas e os ambientes. É também um país que se encaixa aos seus clichés. De fato, vemos muitos mariachis por aqui, a pimenta se põe em exatamente tudo, nas frutas, no sorvete, em certas bebidas; assim como os tacos que se encontram em qualquer esquina. Por outro lado, os mexicanos têm suas particularidades que merecem atenção e que só um longo período aqui nos faz perceber e refletir sobre assuntos como a religiosidade, o machismo, a relação do mexicano com a morte e até a forma como as palavras e expressões específicas do México dizem muito sobre o país.
Algo especial também tem sido o interesse dos mexicanos pelo Brasil. Apesar de já saberem muito sobre o país e de muitos deles terem amigos brasileiros, me parece que nunca estão cansados de saberem mais. Também estão sempre perguntando sobre palavras e expressões em português, fora alguns que mesmo com dificuldade se esforçam para falar o idioma.
O intercâmbio é, sobretudo, uma oportunidade de olhar para si e para seu país com olhos mais analíticos. Conviver na mesma casa que mexicanos e franceses tem sido um constante choque cultural que obviamente apresenta um lado negativo, mas que sempre se torna algo antropologicamente interessante. Os mexicanos me fazem acreditar em uma identidade latino-americana, enquanto que os franceses me fazem pensar o quanto um ser humano pode parecer estranho a outro por um simples fator cultural.
Atenciosamente,
Amanda Lucena
Aluna de Relações Internacionais do Centro Universitário IESB e intercambista pelo Programa de Internacionalização na Universidad Autónoma de Guadalajara.