Publicado em 11 de setembro de 2019
Nos tempos atuais, as informações chegam a uma velocidade muito rápida, devido à internet, às redes sociais e a outros meios, como o whatsapp. E as pessoas acabam vulneráveis às notícias falsas, mais conhecidas pelo termo em inglês, Fake News. Elas são criadas por vários motivos: como forma de chamar a atenção, manipulação, obtenção de benefícios próprios e outras intenções ilícitas.
No dia 30 de agosto, aconteceu no IESB Asa Sul uma palestra voltada para as Fake News, a propagação de notícias falsas e os problemas que elas podem causar. A professora do curso de Jornalismo do IESB, Luciane Agnez, explicou a dimensão do fenômeno: “O mundo sempre fez fofoca, sempre inventou boato e tudo mais. O que a gente tem hoje é um fenômeno intensificado por causa da internet, principalmente por causa das redes sociais. Você consegue compartilhar para um número maior de pessoas e numa velocidade cada vez maior. Então, esses boatos estão indo cada vez mais longe e mais rápido. E aí você vai ter consequências em relação a essa desinformação que é espalhada dessa maneira”.
A curiosidade é inata aos seres humanos, e isso faz com que muitas pessoas pesquisem na Internet sobre doenças e tratamentos. Renata Monteiro, da Comissão de Ética do Conselho de Nutrição e professora da UnB, conta que às vezes precisa conversar com os pacientes sobre informações que eles colheram nas redes: “Se tem uma Fake News a respeito de um chá e aquele chá é tóxico, ela pode consumir e ter problema de saúde. A nossa preocupação hoje é tentar identificar as pessoas que estão sob nossos cuidados e que precisam de maior acesso, maior informação e esclarecimento do que ela está recebendo”.
Em alguns momentos as Fake News acabam sendo divulgadas como uma mera “brincadeira”. A coordenadora do curso de Psicologia do IESB, Graziela Scarpelli, explica: “Muitos casos de Fake News são divulgados sem a intencionalidade de prejudicar alguém. Então, a pessoa recebe uma informação, acredita que ela é verdadeira e repassa. Muitas vezes informações sobre bem-estar, uma promessa de sair de uma situação aversiva de sofrimento. Ela repassa aquilo como se fosse verdade, mas sem a intencionalidade de prejudicar o outro porque realmente desconhece a fonte”.
Renata demonstra preocupação com o momento atual e como ele atrapalha a vida de um profissional de saúde: “Hoje, com a banalização da informação, muitas vezes a gente não tem como identificar antes qual informação a pessoa recebeu. Como profissional de saúde temos que tentar identificar essa notícia falsa e até mesmo denunciar ao Ministério da Saúde, para que de lá saia informações adequadas”.
Para Graziela, o estudo é uma maneira de resistir às informações falsas. “Quanto mais tempo ela fica exposta na rede social e quanto menos estudo ela tem ela fica mais sensível às revelações não verdadeiras e as repassa com se elas fossem”.
Um fato indiscutível quando o assunto é Fake News é que elas são muito usadas não só para distorcer e manipular, mas também causar impactos, pois isso é uma coisa que, sem dúvida, desperta a atenção. “As notícias que são mais polêmicas, repugnantes, que causam algum tipo de sentimento, acabam tendo mais engajamento e envolvimento das pessoas porque elas se indignam, querem comentar, compartilham”, explica Luciane. Segundo a professora, o cenário está muito polarizado. “Muitas vezes, a gente compartilha coisas sem ter certeza da verdade porque “eu” quero afirmar o que “eu” penso. Então, é muito mais uma questão de crendice do que de fato saber se aquela informação é verdadeira ou falsa”, conclui.
Por Miguel Lima, estudante de Jornalismo