Publicado em 6 de janeiro de 2021
Fernando Rabelo, professor da Pós-graduação em Marketing Digital e também em Comunicação Organizacional e Estratégias Digitais, é assertivo: “a web e a mídia são canais ideais para divulgação de causas ativistas, principalmente por conta da verba limitada que as essas ações possuem”. Segundo ele, os movimentos apelam para as redes porque são um ambiente democrático. A explicação está ligada ao surgimento das redes sociais, quando as pessoas tiveram acesso a um canal também com mais à informação. “Permitiu produzir informação sem ter que pagar por ela”, comenta.
Nesse contexto, ao combinar estratégias de comunicação visuais, textuais e sensoriais, o ativismo tem como prioridade buscar engajamento e identificação do público, processos facilitados com o uso da internet. O professor Roberto Moreira, do curso de Publicidade e Propaganda, revela que atualmente a sociedade não consome somente por consumir, mas sim para se associar e participar de uma proposta ou ideologia. “A partir do momento em que uma marca/empresa se posiciona no mercado não apenas baseada no “o que” ela produz e vende, mas sim no “por que” ela produz e vende, cria-se de imediato uma conexão muito forte com os que comungam com essa, ao mesmo passo em que provoca resistência nos que rejeitam essa mesma ideia”, esclarece.
O professor Henrique Eira, do curso de Design Gráfico, comenta sobre a influência das redes na forma como as pessoas interagem, exaltando a importância de trabalhar a representatividade por meio estratégias de identificação específicas e gerais através da troca de experiências. “Se antes o público interessado precisava ouvir sobre o movimento como um todo, agora ele consegue se identificar com as experiências de alguém que pode ser a mesma de outra pessoa”, explica. Já a professora Anne Mendes, também do curso de Design Gráfico, enxerga as redes como um ambiente mais humanizado que garante maior aproximação de pessoas. “É diferente daquele e-mail que a gente recebia com “oi cliente” e agora vem com o próprio nome. As mídias sociais se mostram eficazes em aproximar consumidor e às questões dos movimentos sociais”.
As cores e a criação das marcas nas mídias
É comum falar do estudo das cores na criação de marcas e de propagandas, mas você já ouviu falar do color-washing? Essa estratégia de comunicação não eficaz se baseia no uso das cores como um significado para identificação de movimentos, mas que são muitas vezes distorcidos pelas empresas. Segundo Roberto Moreira, as cores são vitais no processo criação e de persuasão de clientes, fatores adaptados aos meios de comunicação digitais. “ Antes os comunicadores mergulhavam em estudos que pretendiam estabelecer a capacidade de cada cor de “converter vendas”, hoje as redes sociais digitais permitem, em questão de horas, que anúncios sejam testados diretamente junto ao seu público-alvo”, esclarece.
Relacionando cores e ativismos, a sua principal função é proporcionar identidade visual. Nas palavras do professor Fernando, as cores passam sensações. “Sempre tem uma relação para que tenha uma similaridade visual, a pessoa, ao ver aquilo, já tem uma identificação e uma relação visual sobre o que está sendo falado. É para isso que serve o Design, ele preza por esse tipo de artifício, para que você veja uma cor e já lembre daquilo, já lembra daquele movimento, daquela marca ou produto”.
Por Ana Cristina Morbach