A primeira atuação do Núcleo de Gênero do curso de Relações Internacionais

Publicado em 15 de dezembro de 2016

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O projeto do Observatório de Direitos Humanos do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário IESB de  português para refugiados e migrantes é uma iniciativa voluntária, que passou por um ano e meio de construção, que abrange as cidades do Riacho Fundo 1, Paranoá e Varjão; de alunos, ex-alunos do IESB e comunidade, com apoio e parceria do Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), como professora orientadora à frente dessa iniciativa a docente do IESB Francisca Gallardo.

Segundo o site do IESB, a iniciativa é definida como: “em concordância com as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos estrutura-se através do Projeto de Alto Padrão promovendo a educação para a mudança e a transformação social, compondo o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), seguindo os princípios de: I – dignidade humana; II – igualdade; III – reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades; IV – laicidade do Estado; V – democracia na educação; VI – transversalidade, vivência e globalidade; e VII – sustentabilidade socioambiental.”

No dia 10 de dezembro de 2016 foi ministrada uma aula no Centro de Ensino Fundamental 02 do Riacho Fundo 1, da iniciativa do Observatório de Direitos Humanos do curso de Relações Internacionais do IESB, na qual estava presente a Irmã Rosita Milesi, responsável e representante do Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), os professores do dia foram Hudson Carvalho, Lais Rodrigues Barbosa, Lorrane Gloria da Silva, Lucas Velame e Rayane Mendes Paschoal.

Ao chegar ao Centro de Ensino Fundamental 02 do Riacho Fundo 1, local das aulas, a percepção que tive é que o engajamento e a disposição para comprometimento, por parte dos professores, é total para com a causa. Eles dispõem-se a proporcionar plena atenção aos alunos durante as aulas, com atendimento individualizado que comportam as necessidades do estudante e o nível de aprendizado em que ele está.

Os professores voluntários que trabalham diretamente com os refugiados desempenham o papel de mediadores culturais para os alunos, papel que é de fundamental importância para aqueles que estão se inserindo em uma nova cultura. Eles organizam as aulas com a chegada dos alunos que são separados de acordo com uma língua mediadora entre ele e professor, que são: espanhol, inglês e francês. Nas quais os professores revezam para uma adaptação diferenciada as formas de expressão da língua portuguesa pelos brasileiros.

A didática utilizada é diferenciada e adaptável a situação e preferência do aluno, na qual o aluno constrói juntamente com o professor o que será estudado e a intensidade que ocorrerá com interação conjunta.

Observei, ainda, que há o estímulo de que os alunos falem no idioma estudado. Porém, a forma com que os professores repassam o conhecimento se destaca pois há um interesse mútuo no idioma mãe dos alunos no qual o professor pergunta como determinada palavra tem sua equivalência no idioma dos alunos, técnica essa que faz com que o aluno assimile e memorize com praticidade determinada palavra.

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Em conversa com os professores sobre suas experiências em sala de aula me foi relatado que eles não se sentem apenas como lecionadores do idioma, mas como alunos, pois há aprendizagem também para eles que praticam outros idiomas e compartilham de novas experiências instigadas pelo choque cultural em que eles se encontram com as diferentes culturas dos alunos e com essa percepção compartilhada pelos alunos da nova realidade em um país de cultura diferenciada, distante da família e amigos.

Após a aula houve palestra de uma das integrantes do Núcleo de Gênero, ao qual faço parte do curso de Relações Internacionais do IESB, Shara Almeida, estudante do curso, em que o intuito era introduzir a temática de Saúde e cuidados femininos dando margem para que os alunos, como novos residentes do país, se situassem das localidades das redes de saúde pública no Riacho Fundo 1, a qual obteve sucesso ao concretizar seu objetivo de disponibilizar para os alunos as respostas para as dúvidas relativas à temática abordada.

No decorrer da palestra os professores faziam o apoio na compreensão idiomática do que se estava tratando à palestra, na qual, quando necessário, os professores faziam uma tradução para melhor entendimento dos alunos. Ao fim da palestra a Irmã Rosita compartilhou com os professores e palestrantes suas experiências em palestras e seminários dando dicas sobre como manter à atenção do ouvinte e tornar as apresentações mais atrativas por meio de técnicas visuais adquiridas ao observar as características de plateias com barreiras de compreensão de outros idiomas, que foi muito perceptível e sensível de sua parte.

Percebi que ao tratar das necessidades dos alunos individualmente a evasão das aulas reduziram significativamente, após conversa com os professores e com a Irmã Rosita sobre as diferentes iniciativas apoiadas pelo IMDH no âmbito de ensino de português, devido à diferente didática aplicada pelo grupo e o entrosamento estabelecido com os alunos. Observei ainda que os que por ventura saíram da iniciativa o fizeram por terem atingido o objetivo do grupo de ter domínio do idioma e se inserirem em atividades laborais.

Por Elaine Silva da Luz, aluna do curso de Relações Internacionais

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