Publicado em 16 de dezembro de 2021
Depois de um dia corrido, recheado de trabalho, Eleneide Soares, 49 anos, tira um tempinho para cuidar dela e do futuro. Vai à academia e depois foco total nos estudos. Graças às facilidades e a tecnologia da educação a distância, Eleneide já terminou o primeiro período de Pedagogia. No entanto, para a futura pedagoga chegar nessa nova fase foi preciso muita força de vontade e resiliência. Após passar por uma gravidez não planejada, precisar sair da casa dos pais e superar um relacionamento abusivo, a estudante encontrou nos estudos a força para recomeçar a caminhada em busca dos seus sonhos.
Quando mais nova, Eleneide cursou Letras. Esse era o caminho que a fazia bem, o dos estudos. Contudo, pouco tempo depois, ela engravidou e saiu de casa, disposta a construir um novo capítulo de sua vida. “Quando eu tive o bebê, eu fui morar com o pai da criança, por pressão familiar. Eu não queria porque ele era um homem muito agressivo, violento; mas eu fui mesmo assim”, conta. Eleneide caiu na triste estatística: Segundo pesquisa feita pelo Instituto Datafolha em 2020, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência.
Eleneide conta que precisou abrir mão de um emprego, da faculdade de Letras, para se dedicar ao negócio do então companheiro e cuidar do filho. “Abandonei meus estudos e emprego, e fui trabalhar com ele. Ele não me ajudava com nenhum centavo, o dinheiro ficava todo no bolso dele. Todo dia ele bebia, xingava, acabava comigo, e eu trabalhava muito ajudando ele”, relata.
Recomeço
Quando o filho completou dois anos, Eleneide conseguiu uma brecha, se desvencilhou das mãos do ex-companheiro e voltou a morar com a mãe, começando a vida do zero. “A minha mãe me ajudou muito nesse momento, ela me emprestava dinheiro para eu ir nas entrevistas de emprego, as minhas irmãs me emprestavam roupas, porque eu não tinha mais. Foi quando tudo começou a mudar”.
Eleneide conseguiu um emprego e aos poucos foi conquistando estabilidade. Ela conta que por muito tempo trabalhou como cabeleireira, mas não era a profissão que fazia o seu olho brilhar, o que ela queria mesmo era atuar dentro de sala de aula, com crianças. E em cima desse sonho começou a virada, com a aprovação no vestibular para Pedagogia no IESB.
Hoje, pronta para começar o segundo semestre de Pedagogia, Eleneide está pronta para voos mais altos. “Meu grande objetivo, depois de me formar, é fazer uma pós-graduação em psicopedagogia. O IESB tem um método muito bom, que me permitiu conciliar as coisas, ter tempo para estudar, com um preço que consigo arcar e, assim, poder recomeçar minha vida”, afirma a estudante.
Por Vitória Alice Silva