Arcane, série Netflix produzida em parceria com a Riot Games, passeia sobre o universo do famoso jogo League of Legends (LoL), e se consagrou como uma das animações mais bem sucedidas da história da empresa de streaming. Com 38,4 milhões de horas vistas entre 15 a 21 de novembro, a série ficou no top 10 mundial por duas semanas seguidas, alcançou nota 9.4 no IMDb, a principal base de dados on-line com ranking e informações sobre o mundo cinematográfico, chama a atenção tanto de fãs do jogo quanto daqueles que não conhecem o universo e eleva as expectativas para futuras interações entre o mundo audiovisual e o mercado de jogos digitais.

A popularização de League of Legends entre os jovens foi expressiva a ponto dele se tornar um dos principais responsáveis por mudar o cenário dos e-sports: com campeonatos grandiosos – e os maiores do cybersports, o jogo lota arenas em diferentes países, atrai olhares e investimentos para os esportes virtuais e movimenta um mercado bilionário. Como um presente para os gamers e para atrair novos públicos, a parceria entre as duas empresas resultou em uma animação não apenas atrativa, mas de tirar o fôlego.

Para o professor do curso de Jogos Digitais do Centro Universitário IESB Elias Filho, a grande sacada da série foi expandir o universo de League of Legends, um jogo de nicho bem específico, para uma animação. “Nem todos os gamers sabem ou acompanham a história, que é muito intensa e grande. Acredito que a ideia da série é complementar essas histórias que são contadas por fragmentos de texto no jogo a partir de alguns personagens principais”, conta.

“Essa transmídia é um ponto bem interessante que já acontece com outras séries como Pokémon, por exemplo. Mais fãs são atingidos dentro de uma obra audiovisual e, provavelmente, esse público vai se interessar pelo jogo. E é muito interessante o quanto essa série está crescendo no streaming. Arcane está modificando o próprio comportamento dessas transmídias, visto que a Netflix também vai para essa área de games agora”, completa o professor.

Para quem joga League of Legends, a série é uma verdadeira caça ao tesouro com muitos easter eggs – as referências sobre escondidas ao longo da animação. “Mesmo quem não conhece o jogo, nunca jogou ou não é gamer, vai conseguir assistir tranquilamente, mas quem joga vai captar várias coisas do próprio jogo diretamente na série”, explica Elias.

Além do roteiro elaborado, o mais novo sucesso da Netflix chama a atenção pela trilha sonora e uma animação que mescla texturas e cores aquareladas do 2D com o 3D. Assim, a série é uma verdadeira experiência sensorial por levar a riqueza visual dos games para a TV e se tornou um grande exemplo da atualidade quando o assunto é expansão midiática e bom uso das diferentes mídias para divulgar conteúdos ou produtos, oferecendo imersão e maior tempo de entretenimento ao público a partir da união entre cinematografia e jogos on-line.

Para o professor, a animação se tornou um dos principais exemplos da mudança de perspectiva dos serviços de streaming. “A Netflix futuramente vai entrar nesse mercado de jogos, então é um passo com Arcane pra ela atingir um pouco desse mercado e entender esse público gamer, que querendo ou não é bem exigente em questões técnicas de animação e roteiro. Então os mercados vão se complementando e isso é bem interessante”.

Sucesso das telinhas

Apesar de não ser relevante para os campeonatos e não interferir na jogabilidade, a história dos personagens explorada em Arcane possibilita maior imersão no jogo e aproxima os fãs do universo, além de atrair novos públicos para os jogos digitais a partir de uma obra audiovisual.

Ao absorver o universo de League of Legends, Arcane narra o conflito entre a riqueza de Piltover e a decadência de Zaun, cidades-gêmeas com realidades opostas – a primeira, próspera e rica enquanto a segunda vive imersa na pobreza; além do conflito entre as irmãs Vi e Jinx, personagens que acabam em lados diferentes na guerra entre tecnologias mágicas e convicções incompatíveis.

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Por Vitórian Tito