Publicado em 19 de março de 2021
Você sabia que 60% do consumo de água no Brasil é devido à atividade agropecuária? Os dados são do Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil, produzido pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Ainda, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a produção de 1kg de carne consome em média cerca de 15 mil litros de água no mundo. Por isso é importante nos atentarmos a boas práticas deste que é um dos principais agentes da economia brasileira ao meio ambiente.
Um dos principais desafios da humanidade está em distribuir igualitariamente o acesso a este recurso, indispensável à manutenção da vida na Terra como conhecemos. Somando a isso, o seu uso de maneira insustentável pode colocar em risco o acesso ao líquido.
A engenheira sanitarista e professora do curso de Engenharia Civil do IESB Adriane Dias explica que o consumo de água pela indústria é considerado como do tipo “consuntivo”, no qual a água é retirada do corpo hídrico em quantidades significativas e, após consumida, não retorna diretamente para sua fonte de origem. Ela acredita que, para reduzir os impactos, devem ser implementadas algumas tecnologias que promovam o uso racional da água de forma permanente nesse setor. “Como exemplo, temos a irrigação por gotejamento, mesmo que a princípio não tenha sido a finalidade, hoje é uma tecnologia que promove o uso racional da água”, observa.
Outra prática indicada por especialistas é a redução ou exclusão da carne do cardápio. O professor de Nutrição do IESB Lucas Guimarães afirma que as proteínas da carne podem ser encontradas em outros alimentos em quantidades adequadas para uma boa nutrição. “Dentre eles, podemos destacar a soja, a quinoa, a lentilha, além do arroz e feijão”, sugere.
A substituição da carne por outras fontes de proteínas pode ser benéfica, porém o correto é procurar um nutricionista para ser orientado acerca dos melhores substitutos e quantidades adequadas.
Além disso, a agricultura orgânica e a chamada gastronomia sustentável também podem ajudar no combate ao desperdício de água. O coordenador de Gastronomia do IESB Sebastian Parasole explica que a gastronomia sustentável consiste na redução do desperdício de alimentos e na diminuição na produção de resíduos, além da proteção e utilização consciente de produtos. “Dentre os benefícios do cultivo de alimentos orgânicos, acredito que a agricultura familiar e a pecuária sustentável são parceiras na produção de uma melhor qualidade de vida e meio ambiente mais limpo”, conclui.
De acordo com Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), 1 em cada 5 brasileiros consome algum alimento orgânico. Para Guimarães, a crescente conscientização da população, aliada ao aumento da oferta de produtos – que deve tornar o produto mais acessível financeiramente – tendem a aumentar ainda mais na população brasileira.
Por Vitória Silva