Conheça o que é Gaslighting, eleita a palavra do ano, e saiba se proteger

Publicado em 2 de dezembro de 2022

“O termo é associado a um tipo de abuso emocional”, explica Miriam Pondaag, professora do curso de Psicologia do IESB e coordenadora do Auroras, projeto oferecido pela instituição para ajudar mulheres a lidarem com os desafios em suas relações amorosas

O dicionário norte-americano Merriam-Webster elegeu “gaslighting” como a palavra do ano. O título veio após um aumento de 1.740% nas buscas pelo termo no site do dicionário em 2022, em comparação a 2021. Mas você sabe o que a expressão significa?

Miriam Pondaag, professora do curso de Psicologia do Centro Universitário IESB, explica que gaslighting é a prática de manipular psicologicamente alguém, em que informações são distorcidas ou falsificadas. “A palavra pode ser associada a abuso emocional, certo tipo de violência psicológica. Tática utilizada por uma pessoa para ganhar mais poder. Isso ocorre por meio de estratégias, as quais tendem a fazer com que a vítima passe a duvidar de sua própria memória e de sua capacidade de percepção da realidade”, esclarece Miriam. 

Para isso, a pessoa que pratica o gaslighting costuma usar informações distorcidas, inventadas ou devidamente selecionadas, as quais deixam a vítima desorientada. “Você está ficando louca” ou “Só pode ser coisa da sua cabeça” são frases, muitas vezes, usadas neste contexto.

Mas como identificar pessoas que praticam o gaslighting? 

De acordo com a psicóloga, este tipo de manipulação costuma ser comum e presente nas relações íntimas, como família, amigos e relacionamentos amorosos, sendo as mulheres as principais vítimas. “O gaslighting é mais comum acontecer com as mulheres, mas também é utilizado por qualquer pessoa e em outros tipos de relacionamentos, com o objetivo de desestabilizar a saúde mental”, explica Miriam. Em relacionamentos amorosos caracterizados pela violência de gênero, essa estratégia perversa visa o controle e o assujeitamento das mulheres. Um exemplo do emprego dessa estratégia é a negação ou minimização dos atos violentos cometida pelos homens na rede de convívio do casal, no intuito de levar as mulheres a se perguntarem se estão loucas, exagerando ou definindo equivocadamente suas vivências.

Ela ressalta, no entanto, que os sinais do gaslighting são muito sutis e a vítima encontra dificuldade de perceber o que está acontecendo. “Isso porque ela está envolvida emocionalmente com o abusador e há ambivalência afetiva, completa a professora do IESB ao destacar alguns sinais para ficar atento. “A pessoa que faz este tipo de violência mental, tem costume de mentir, negar ou distorcer informações sobre a realidade. Faz chantagem emocional e humilha o outro com frequência”, enfatiza Miriam. 

Se você está sendo vítima de gaslighting ou conhece alguém que está sofrendo essa violência emocional, algumas atitudes são importantes para buscar sair desse cenário. “É importante não assumir a responsabilidade pelas ações de outra pessoa. Confiar em seu posicionamento e não permitir que o mentiroso desconverse ou fantasie cenários não condizentes com a realidade. Conversar com amigos sobre o que está acontecendo e pedir ajuda também é importante”, orienta a psicóloga. 

Teoria e Prática: conheça o projeto Auroras 

Ter uma rede de apoio é tão importante que o IESB, por meio da sua Clínica de Psicologia e com a participação de alunos e professores, desenvolve, desde 2019, o projeto Auroras, criado para ajudar mulheres a vencerem desafios em suas relações amorosas, familiares e profissionais. A iniciativa oferece atendimento psicossocial gratuito e envolve atendimento individual e em grupo com o objetivo de contribuir para o empoderamento feminino, o desenvolvimento pessoal, produção de novas narrativas identitárias, além de motivar o autoconhecimento e o autocuidado. Temáticas como relacionamentos, gênero, sobrecarga de papéis e projeto de vida são focadas. 

“Todo o início do semestre, abrimos o calendário para inscrição para os atendimentos, que acontecem durante o período letivo do nosso centro universitário, visto que são realizados com a participação de alunos e professores. A próxima temporada de cadastro deve acontecer em janeirode 2023. A inscrição é gratuita e o formulário fica disponibilizado em nosso site https://www.iesb.br/comunidade/”, informa a professora Miriam, coordenadora do projeto.

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