Publicado em 8 de março de 2022
“Tive diversos desafios na minha vida. Mas sempre confiei em meus Anjos da Guarda, que Deus havia enviado para me proteger aqui na terra. E cada vez que tinha medo, achava que precisava descobrir porque as coisas eram sempre tão difíceis para mim.
Minha vida profissional sempre foi acompanhada pelo sucesso. Mas também, por preconceitos e por algumas pessoas (poucas, felizmente) que não ficavam felizes vendo o quão rápido eu subia os degraus desta vida.
Comecei como diretora de um Grupo Escolar aos 17 anos, na cidade de Arapongas/PR. Criei, aos 19 anos, uma Biblioteca Pública e, nesse mesmo ano, passei num concurso para docente da Escola Normal da cidade. Aos 20 amos, fui convidada para coordenar a criação das Escolas Radiofônicas do Norte do Paraná (Movimento da Igreja Católica de Londrina, Paraná).
Foi a minha primeira experiência com EaD (Educação a Distância), usando o rádio como veículo. Para me capacitar, fui fazer um estágio de um (1) mês na Rádio Sutatenza da Colômbia. E por causa do meu trabalho feito na zona rural do Norte do Paraná, passei a ter muita visibilidade e comecei a ser considerada – pelo chefe político de Arapongas – uma subversiva.
Mas dois Anjos da Guarda muito poderosos não deixaram que eu fosse demitida dos meus trabalhos. Um deles, era o Bispo de Londrina, Dom Geraldo Fernandes. O outro, era o governador Ney Braga.
Em 1966, vim para a Universidade de Brasília (UnB), a fim de ser assistente do professor José Aloisio Aragão no CIEM (Centro de Integrado de Ensino Médio) que, juntamente com o padre Marconi Montezuma, ajudaram-me a adquirir independência e autonomia, enquanto pessoa.
Eles foram importantíssimos Anjos da Guarda! Vir para Brasília fez toda a diferença na minha vida. Todavia, após seis anos, a UnB fechou o CIEM e 28 professores (incluindo eu) foram demitidos.
Fui indicada, no mesmo dia da demissão, pelo professor Paulo Guimarães (Diretor da Faculdade de Educação da UnB, onde eu dava aulas) para receber uma bolsa de estudos e ir fazer mestrado nos Estados Unidos.
Como consegui concluir o mestrado em apenas um ano, meu orientador Dr. Joseph Alessandro, convidou-me para fazer o doutorado – o que fiz em dois anos. Depois, voltei para a Unicamp – onde já estava contratada – a fim de dar aulas na Faculdade de Educação.
Após alguns anos naquela Universidade, e por estar realizando uma pesquisa na FOP (Faculdade de Odontologia de Piracicaba), fui convidada pelo diretor da CAPES para vir para Brasília coordenar um programa nacional que visava melhorar o ensino nas universidades brasileiras, PADES (Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Superior).
Em seguida, outro Anjo da Guarda, Dr. Mário Chaves, diretor da Fundação Kellogg, financiou o programa CAPES/ABENO/KELLOGG, que tinha como objetivo melhorar o ensino de Odontologia nas universidades do país. Logo após, a CAPES criou – também com o apoio da Fundação Kellogg – o PAPS (Programa de Apoio aos Profissionais de Saúde), que durou dez anos.
Nesse período, com uma bolsa da Fundação Alexander Von-Humboldt, fui fazer um pós-doutorado para conhecer as inovações do sistema educacional da Alemanha.
Depois disso, coordenei – de 1984 a 1990 – o SPEC (Subprograma de Educação para a Ciência), que era um dos dez subprogramas do PADCT (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Em 1991, coordenei o programa de bolsas no exterior, da CAPES.
Aceitei o convite do presidente do CNPq, Gerard Jacob, para ser superintendente da área internacional e, dois anos depois, fui para a SESu (Secretaria de Educação Superior) do MEC, a fim de coordenar o PAIUB (Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras) onde fiquei por dois anos, até ser anistiada e retornar para a UnB.
Em 1998, após seis anos de espera, o Ministério da Educação autorizou a criação do IESB, que nasceu a partir da ideia e do convite do professor Pedro Chaves, para criarmos uma faculdade inovadora em Brasília.
Nossos sócios, professor Pedro Chaves, sua esposa Reni e a professora Therezinha Samways, deixaram a Mantenedora CESB (Centro de Educação Superior de Brasília) e, minha filha Liliane Maria Coutinho Barbosa e eu, ficamos sozinhas com o maior desafio de nossas vidas.
Não tínhamos dinheiro nenhum. Mas, nesse início, encontramos um parceiro que nos ajudou muito! Foi o padre Manoel Pedrosa, da Província do Verbo Divino, que deu o terreno localizado na Asa Norte, como garantia para que o Banco do Brasil (BNDES) nos concedesse o primeiro empréstimo e ali, construíssemos o primeiro edifício do IESB, dos 16 já construídos nos três campi: L2 Norte, Asa Sul e Oeste (Ceilândia).
Padre Manoel viabilizou o início da construção dos quase 150 mil metros quadrados que deu início ao IESB. E assim, ele foi um dos Anjos da Guarda colocados por Deus para me ajudar nesse caminho de empreendedora da educação superior em Brasília.
Sei que foram esses Anjos da Guarda, que encontrei ao logo da minha vida profissional, que me ajudaram a não ter medo dos meus medos, a enfrentar cada um deles e a vencer cada batalha.
Sei também, que amei cada aluno que passou pelo IESB e que, hoje, meu filho Edson Machado de Sousa Filho – o escolhido por minha filha Liliane e por mim para cuidar do IESB – está capacitado para essa função.
Sei ainda, que não construí o IESB sozinha! Isso não seria possível! Mas que professores e alunos foram os grandes responsáveis para que essa enorme tarefa de construir um nome da educação superior reconhecido no Brasil e no exterior, fosse concretizada! O IESB foi o meu grande desafio e também, o grande legado da minha história de luta, perseverança e enfrentamento dos meus medos!”