Publicado em 25 de maio de 2022
“Somente no setor de TI, serão 530 mil vagas de trabalho criadas no Brasil até 2025 e elas não serão preenchidas. Grandes empresas em outros países estão importando mão de obra para tentar suprir esse gap”, destaca o professor de Jogos Digitais do IESB, Malcon Douglas da Silva Costa
O Dia do Orgulho Geek ou do Orgulho Nerd é comemorado nesta quarta-feira, 25 de maio. A data faz referência a uma das maiores sagas da cultura pop: Star Wars. Isso porque o filme da franquia, chamado “Uma Nova Esperança”, dirigido por George Lucas, foi lançado em 25 de maio de 1977. A data também é conhecida como o Dia da Toalha, em homenagem ao escritor do livro “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, Douglas Adams. Na obra, o autor afirma que a toalha é um item fundamental para escapar de diversas situações.
Seja como for, o fato é que com o crescimento da indústria pop e o avanço da tecnologia, os geeks estão com tudo e, cada vez mais, vem ganhando espaço no mercado de trabalho. Mas afinal, o que é ser um geek hoje?
“O geek sempre foi rotulado como aquela pessoa super nerd e aficionada pela cultura pop que permeia a área de jogos, tecnologia, filmes, séries etc. Mas também trazia consigo a ideia de indivíduo antissocial e introvertido. Hoje, o conceito já mudou bastante, até porque a pluralidade das pessoas trouxe mais nichos para dentro do universo geek”, explica o professor do curso de Jogos Digitais do Centro Universitário IESB, Malcon Douglas da Silva Costa.
Segundo ele, à medida que a tecnologia começou a ter uma participação cada vez maior na vida das pessoas e a dependência a aparelhos eletrônicos cresceu, um número muito maior de pessoas acabaram se encaixando na categoria geek. “Hoje existem grandes comunidades geek na internet que fazem encontros regulares, expressam suas opiniões e gostos através de seus canais em vídeos e postam em várias redes sociais. Hoje, o geek quer participar, encontrar outras pessoas que possuam o mesmo gosto, querem interagir e, é claro, dominar o mercado”, destaca Malcon. Confira a entrevista com o professor e veja dicas para transformar a paixão em uma carreira de sucesso.
Por que os geeks são tão valorizados pelas empresas?
A comunidade geek está muito ligada à cultura pop. Os geeks são criativos e podem discutir sobre uma grande variedade de temas que, geralmente, não são do conhecimento de todos. E ao conhecer variados tópicos, se tornam ainda mais atrativos por sua pluralidade. Portanto, ao longo do tempo, os geeks acabaram desenvolvendo muitas soft skill que são valorizadas pelo mercado hoje. A participação em comunidades de discussão, interação constante em voice chats de jogos e a crescente produção e consumo de conteúdo em vídeo, acabam estimulando essas habilidades importantes. Estar on-line e em contato direto com vários grupos acaba se tornando uma chave que pode ajudar a identificar muitos problemas e buscar soluções nas empresas. Além, é claro, do foco. Geeks tendem a se aprofundar muito nos tópicos relacionados a sua área de trabalho. Até porque há essa relação de paixão pelo que faz. Seja por tecnologia ou áreas criativas, como a publicidade.
Quais as principais áreas de trabalho desse universo?
Os geeks estão espalhados em praticamente todas as áreas de trabalho hoje em dia, mas se destacam, principalmente, em áreas que envolvam criatividade, como já dito, como publicidade e vários braços da tecnologia, seja no desenvolvimento ou mesmo data Science. A área de tecnologia está em constante expansão e as vagas que surgem são ocupadas em sua maioria por geeks.
Quais as dicas para os geeks brasileiros que queiram trabalhar com os conteúdos pelos quais são apaixonados, sejam games, quadrinhos ou cinema?
A internet é o principal meio para criação, propagação e consumo de conteúdo digital hoje em dia. Independente da área, é possível abrir espaço. Caso a pessoa ame a área de desenvolvimento de jogos, há espaço para ela criar conteúdo de review de jogos, tutoriais de programação etc. Perseverar no meio é a palavra certa.
Como está o setor de games no Brasil e como se profissionalizar?
Segundo dados da Nezoo, empresa que faz análises e levantamentos referentes ao setor de jogos, os 81,2 milhões de jogadores do Brasil ajudaram a gerar receitas de US$ 1,6 bilhão em 2019, colocando o país entre os maiores no mercado de games do mundo e o primeiro da América Latina. Isso nos mostra o quanto o crescimento exponencial de usuários de games no Brasil tem impacto diretamente na indústria, favorecendo a criação de novas empresas e oportunidades, que vão desde novas vagas no mercado de trabalho até mais investimentos no setor.
O desenvolvimento de um jogo abrange diferentes setores: do profissional que está programando o game, passando pela área de produção do som até o profissional da área de artes que irá modelar, pintar e animar. Isto é, quando são desenvolvidos os personagens e os cenários. Cada parte de um jogo tem um profissional diferente vinculado. O curso de Jogos Digitais do IESB, por exemplo, abrange todas essas áreas e faz com que o aluno saia preparado por completo para o mercado de trabalho, conhecendo todas as etapas que podem ser exploradas dentro de um jogo digital. O IESB é referência na área de desenvolvimento de jogos. Temos um curso de três anos, com professores experientes no mercado, muitos vinculados a empresas desenvolvedoras de games. Temos ainda o Projeto Integrador, no qual o aluno faz um jogo ao término de cada semestre, e isso é muito interessante porque, desde o primeiro até o último ano, o estudante está colocando em prática toda a teoria ensinada.
Quais as dicas para o profissional aproveitar o mercado de trabalho?
O mercado de trabalho na área de tecnologia está sofrendo com a falta de mão de obra qualificada no momento e isto ocorre no mundo todo. Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), somente no setor de TI serão 530 mil vagas de trabalho criadas no Brasil até 2025, e elas não serão preenchidas. Grandes empresas em outros países estão importando mão de obra para tentar suprir esse gap. Minha dica é: estude e se qualifique porque é bem ampla a possibilidade de vagas de emprego no Brasil e no exterior.
Escolha da profissão
Aluna do curso de Jogos Digitais do IESB, Sofia Souza Lima Campoy Rocha se considera geek e conta como está transformando a paixão em carreira profissional. “O meio geek foi um jeito de me encontrar. Desde criança, eu gostava muito de jogos, mas eu era a única menina na minha sala de aula que gostava dessas coisas. Logo, fazer cosplay e ir a eventos do setor, me proporcionou grandes amizades. Atualmente, eu estou no 3° semestre de Jogos Digitais e meu curso é, com certeza, o que eu amo fazer. No curso, consegui juntar meus desenhos que eu já faço há uns nove anos com jogos, estudar as técnicas de construção e ver como um jogo é pensado. Muitas coisas passam a fazer mais sentido depois que você vê o processo”, avalia Sofia ao destacar a importância de reconhecer essas habilidades na hora de escolher a carreira. “Jogos foi uma forma de juntar tudo o que eu mais faço. Portanto, acho importante pensar nas suas maiores características na hora de seguir uma profissão. Escolher algo que vai se encaixar, seja com o que você já está acostumado ou que vá ser um desafio que te faça feliz”, completa a estudante.