Erica de Sousa e seu convite à saudade  

Publicado em 24 de agosto de 2016

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Com 29 anos, a recém-formada no curso de Fotografia do IESB, Erica de Sousa, desenvolveu um projeto dentro do Núcleo de Extensão Cultural Humanízate com imigrantes. Em um jogo de sentimentos, a aluna elucidou a “saudade”, palavra genuinamente brasileira, a essas pessoas que abandonaram seus países e escolheram o Brasil como segunda casa.

A ideia de trabalhar com o tema surgiu a partir de uma experiência própria. Depois que morou fora, passou a enxergar sob o ponto de vista de como esses imigrantes eram tratados pelos nativos. “A injustiça cometida com os humanos que pertencem a esses grupos me causou sensibilidade e por aí comecei meus trabalhos voluntários nas zonas afetadas por desastres naturais, o que causava o deslocamento em massa das pessoas do lugar, no caso, o Haiti no início de tudo”, conta Erica.

A aluna relata que no início teve uma dificuldade em saber como abordar os imigrantes.  Ela, então, resolveu fazer testes com uma colega da Polônia que também fazia parte do Humanízate. Mas quando foi colocar em prática o treinamento, percebeu que não estava dando certo. Ela passou a conversar com os vendedores ambulantes estrangeiros da Rodoviária e suas abordagens foram melhorando. Foi também durante esse processo que decidiu o tema que trabalharia com os imigrantes: saudade.

Essa dificuldade inicial a motivou ainda mais para continuar desenvolvendo o projeto. “Em alguns momentos tive dificuldade com alguns que não entendiam bem o objetivo da minha pesquisa e minha abordagem, mas eu sabia que era questão de tempo, confiança e amizade para que eles confiassem no meu trabalho e na mensagem que eles estariam passando ao mundo com sua colaboração”, conta Erica. A aluna e os participantes acabaram se tornando amigos e ela também os considera como realizadores do projeto.

Para ela, o trabalho a ensinou a valorizar o senso de coletividade. O resultado foi uma extensão ao Projeto Guadalupe, também tema do seu TCC. A aluna percebeu que ainda havia muito a ser mostrado e falado sobre o tema. A decisão gerou um convite para expor seu trabalho no MigraMundo. O site foi o ponto de partida de pesquisa da aluna. Ela entrou em contato com o seu idealizador, o jornalista Rodrigo Borges Delfim,  para agradecer a disponibilidade de informações de pesquisa e aproveitou sua vinda a Brasília para mostrar tudo o que já havia produzido. Ele então levou o material para São Paulo e entrou em contato com a aluna dias depois a convidando para ser sua parceira em uma série de seu blog intitulada “Migração e Saudade”, com oito capítulos divulgados semanalmente. Em cada episódio abordavam a história da saudade do imigrante que deixou tudo para trás.

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Quando questionada sobre o principal aprendizado do projeto, Erica não poupa palavras. “Aprendi a compartilhar minhas ideias com o mundo e colocar tanta paixão em cada trabalho realizado a ponto de deixar com ele um legado social sempre que possível, o que acredito hoje ser a missão de todos nós que queremos ser úteis para outras vidas nessa nossa passagem pelo Planeta Terra.”

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Ainda, Erica conta a importância do apoio institucional do IESB no processo, com a disponibilidade de seus laboratórios e equipamentos para que o trabalho fosse realizado. O Humanízate também foi fundamental. Formado por alunos de Fotografia, Design Gráfico, Publicidade e Propaganda, Arquitetura e Urbanismo e Cinema orientados pelo professor Daniel Mira, o Núcleo apresentou esse lado coletivo tão valioso que os alunos podem desenvolver para criar grandes histórias. “Acho difícil definir em palavras como o Humanízate contribuiu porque ele esteve presente em cada passo”, explica Erica. Eles ainda contam com o apoio e a parceria da DPU Cultural, coordenada por Bernardina Leal, que resultou na mostra fotográfica DOMUS no final do ano passado e é um dos maiores responsáveis pelos projetos desenvolvidos por eles. A colaboração dos colegas, o apoio recebido, a dedicação do orientador, tudo isso impulsionou o desenvolvimento do projeto. “Nós juntos somos uma unidade com a força de um átomo a ponto de se expandir e essa expansão é como o Universo: sem fim”, ressalta a aluna.

Confira o trabalho de Erica aqui

Por Laura Maria

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