Escritoras do IESB contam os desafios de lançar livros no Brasil

Publicado em 25 de julho de 2020

Quanto tempo demora para colocar uma ideia no papel? Professoras e aluna da instituição falam sobre o processo de escrever e publicar o próprio material

Livros são capazes de transportar os leitores para outros mundos, mostram novas formas de agir e pensar, além de serem companheiros fiéis para todos os momentos. Mas para chegar ao leitor, eles precisam, primeiro, sair de um lugar importante: do empenho de quem o escreve. No Dia do Escritor, comemorado em 27 de julho, o Centro Universitário IESB celebra todos aqueles que dão asas à imaginação e contribuem para a divulgação do conhecimento e da leitura.

Para Patrícia Colmenero, professora de Cinema e Mídias Digitais da instituição e autora da ficção literária Porque até a morte terei fome, o valor de um livro é inquestionável. “Agora que a gente tá passando por esse processo de isolamento social, a arte e o entretenimento nunca foram tão necessários”, conta.

O processo de se entender como autora e romancista levou tempo. Patrícia descobriu que mulheres podiam ser escritoras ao ler um conto da Clarice Lispector na adolescência. “Isso teve um efeito muito revolucionário dentro de mim”, afirma. Como escritora, se dedicou por 6 anos ao processo de escrita e desenvolvimento do romance. “Acho que entre as minhas necessidades mais profundas, eu precisava escrever”, diz.

Quem também se lançou no processo de escrita de um livro foi Luciane Fassarella Agnez, professora de Jornalismo e coordenadora de Pós-graduação do IESB. Correspondente internacional: uma carreira em transição é fruto da tese de doutorado defendida em 2014. “A ideia foi apresentar os resultados da tese, mas também pensando em ser um instrumento para estudantes”, conta. Como não existe uma biografia vasta sobre o tema no Brasil, o livro é um grande suporte acadêmico para estudantes e professores da área.

Luciane conta que o processo de escrita “foi prazeroso e gratificante, mas é um investimento”. A experiência de contribuir com a leitura anda de mãos dadas com a dedicação e o investimento de tempo e dinheiro na empreitada. “Você muito mais paga pra fazer do que realmente tem lucro”, afirma. Como o objetivo final nunca foi o lucro, o livro está cumprindo o papel de difundir os resultados de anos de pesquisa.

Ficção ou conhecimento técnico, livros sempre vão ser de grande serventia para alguém. Giovanna Monteiro, aluna do 7° semestre de Jornalismo do IESB, conta que se aventurou por vários gêneros até chegar na grande paixão: romances. O livro Como fisgar uma lady foi aceito por uma editora e faz parte de uma série de quatro livros. Atualmente, ela está desenvolvendo a terceira parte da obra.

“O processo de escrita pode ser exaustivo, trabalhoso e requer muita dedicação do seu escritor. Por isso é necessário amar escrever”, diz. Giovanna conta que já enfrentou muitos desafios e travas criativas. Todo esse processo pode fazer com que escritores em início de carreira pensem em desistir, mas ela continuou “escrevendo por amor aos meus personagens e a minha história”.

“O mercado literário é muito desafiador e possui muitas vertentes”, afirma. Para a estudante, o primeiro grande desafio foi decidir a forma de publicação. Sem verba para investir, precisou procurar alternativas para realizar o sonho. Foi aí que veio a surpresa: após três meses de espera, recebeu o aceite de uma editora. “Quando recebi essa notícia eu chorei tanto que as pessoas ao meu redor pensaram que eu estava passando mal”, relembra.

Os desafios da leitura no Brasil

O preço dos livros é uma das barreiras que impede o aumento e incentivo de leitura no país. “Livro é caro. No Brasil sempre foi”, afirma Luciane. A importância de livros para a educação é inestimável, mas “lê-se pouco no Brasil por vários fatores: incentivo, alfabetização, letramento, mas também pela questão do preço”, complementa.

“Escritores estrangeiros ficam ricos com as vendas dos seus livros, podendo se sustentar apenas daquilo, enquanto escritores nacionais precisam muitas vezes de um trabalho secundário para manter seu sustento”, afirma Giovanna Monteiro. “As histórias nunca vão morrer”, pensa Patrícia Colmenero. “Quantas vezes uma obra de arte não salvou a vida de alguém?”, finaliza.

Sinopse: conheça os livros
Porque até a morte terei fome

“Uma mulher num salto agulha prestes a chorar como uma criança, assim se apresenta a personagem principal de ”Porque até a morte terei fome”. Intensidade e desespero marcam o cotidiano da escritora “de algo urgente” que se fantasia por vezes de funcionária padrão em um escritório de advocacia, por outras de esposa servil do próprio chefe. O fim do relacionamento faz pulsar em meio ao caos o sentimento de perda. Amor ou hábito? Das estrelinhas brilhantes no teto do quarto restam agora somente as marcas de mofo”.

Correspondente Internacional: uma carreira em transição

“Considerado o topo da carreira de repórter, o correspondente internacional atravessou o século XX envolto a muito prestígio dentro e fora das redações. Testemunhou guerras, conclaves papais e esteve ao lado de autoridades importantes e artistas famosos. Explicou o mundo para um Brasil em profundas transformações. Contudo, a contemporaneidade abalou as rotinas e práticas jornalísticas, num cenário de crise econômica na mídia tradicional, de introdução das tecnologias digitais e de mudanças no próprio cenário internacional. Justamente no momento de maior globalização, o jornalismo internacional parece perder espaço na imprensa nacional.

Teria o correspondente internacional uma identidade própria, dentro da carreira jornalística, agora ameaçada? Como esses profissionais se definem e ainda legitimam seu papel? Esse processo de transição é analisado por meio do relato das experiências de jornalistas brasileiros que marcaram a correspondência internacional atuando nos principais veículos de comunicação.”

Como fisgar uma lady: As crônicas do Hartwells

“Colin Maddox, Conde de Riverdale, herda problemas com seu título. Estava falido. Para conseguir sair dessa situação delicada, ele teria de fazer o que todo libertino mais teme: encontrar uma herdeira rica e casar-se. Com seu charme, isso não seria uma dificuldade. Porém, ele não contava com a obstinação de sua eleita, Anastasia Hartwell”.

Por Vitórian Tito

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