Inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD) no mercado de trabalho

Publicado em 28 de agosto de 2020

Colaboradores PcDs do IESB contam sobre suas experiências no mercado

A inclusão de pessoas com deficiência (PcDs) no mercado de trabalho é prevista por lei, com o objetivo de tirar esses indivíduos da margem dos ambientes profissionais. A Lei de Cotas (art. 93 da Lei nº 8.213/91) determina a obrigatoriedade de que empresas com 100 ou mais empregados ocupe uma parcela de seus cargos com PcDs. Mesmo com o direito assegurado por lei, as dificuldades que eles enfrentam para adentrar, se manter, e estabelecer um espaço sem preconceitos no ramo trabalhista ainda são grandes.

“Eu acho super importante essa inclusão por meio de cotas porque não são todas as empresas que escolhem um profissional pela capacidade dele ou por achar que ele poderá agregar, por conta de preconceitos que são enraizados na nossa cultura, infelizmente”, conta Gabriela Lima Soares, 22 anos, operadora de telemarketing.

Gabriela tem boa parte de seu campo de visão comprometido. Antes de ser colaboradora do IESB, a jovem conseguiu a primeira oportunidade de emprego em uma loja no shopping, sem dar muitas informações sobre sua deficiência, que acabou sendo descoberta ao longo do convívio com as outras vendedoras. Sua primeira contratação como PcD foi no IESB, onde está há pouco mais de 2 anos.

“Minha deficiência não é visível de primeira, mas quem convive comigo logo percebe. Muitos acreditam que por ter uma visão bastante reduzida, quase nula no olho direito, eu possa ser lenta, desajeitada. Nunca ficou claro pra mim o motivo da empresa não optar por meu currículo sendo PcD para falar a verdade”, explica.

Para Hugo César, 44 anos, auxiliar administrativo do IESB, além de encontrar um emprego, outra grande dificuldade é a de permanecer nele. O profissional tem experiência no mercado, já trabalhou em instituições públicas e privadas, ocupando funções distintas, mas conta que a dificuldade de se manter na vaga é uma realidade: “Nos dois últimos empregos, eu consegui ficar mais tempo:10 anos trabalhando no Tribunal Regional Federal e estou há 7 anos no IESB”.

Segundo Hugo, anos atrás, no início da sua jornada profissional, era ainda mais difícil. “Foi bem difícil, tinha pouco dinheiro para estudar e para fazer curso profissional. Naquele tempo era bem mais difícil arrumar emprego por ainda ter algum tipo de deficiência física”, relata.

Empregar é o suficiente?

Elis Regina Oliveira, 31 anos, deficiente auditiva, assistente financeira contábil no IESB, conta que mesmo inserida em uma vaga PcD, ainda há casos de pessoas que se sentem excluídas e discriminadas. Elis explica que muitas empresas enxergam a Lei de Cotas como um dever, e não investem em uma preparação para receber essa pessoa com deficiência como profissional. Para ela, mais do que empregar é fundamental que seja feito um trabalho de inclusão, para que esse profissional tenha sua capacidade reconhecida, assim como a condição de exercer diversas funções.

“Mesmo com uma graduação, uma pós, um curso técnico voltado para área, eles (as empresas) limitam muito porque o preconceito já está formado só de ouvir falar em PcD. Temos, sim, uma certa limitação, mas isso não impossibilita de exercer a função com excelência”, esclarece.

Importância de se informar

“Quanto maior a informação mais rápido e melhor é a aceitação do PcD pela população em geral”, comenta Elis Regina. Gabriela Lima acha importante que o tema seja debatido e que informações sobre a realidade de um PcD sejam disponibilizadas para que as pessoas desenvolvam empatia e passem a entender o quão é difícil para um PcD ser incluído no mercado de trabalho. “A gente nunca sabe como é passar por uma situação até que a gente se coloque no lugar da pessoa”, finaliza.

Por Isadora Mota

Mais notícias