Publicado em 3 de junho de 2020
“Antes de tudo, da minha sexualidade, eu sou indígena. Isso é um fato”, afirma Alisson Cleomar dos Santos, integrante da nação Pankakaru, na primeira cena do documentário Terra Sem Pecado, dirigido pelo egresso de jornalismo Marcelo Costa. O produto, produzido para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Marcelo, estreou em 19 de maio de 2020 no YouTube.
“Levar o diálogo para a sociedade em relação às discriminações que tanto populações indígenas quanto a população negra sofrem vai muito além de apenas ouvir, dar voz a essas pessoas, mas também em procurar entender o que levou a esse preconceito, como que ele foi constituído ao longo do tempo”, conta o diretor.
A discussão em cima da obra acontece no momento em que acompanhamos manifestações populares no Brasil e no mundo contra o preconceito. Em 2019, um estudo desenvolvido pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) levantou que, a cada 19 horas, uma pessoa LGBTQ+ é morta no Brasil.
Segundo especialistas, esse número revela muito sobre a realidade discriminatória do nosso país. E alerta para uma realidade ainda mais difícil, que é tratar dentro de uma minoria, que são os povos indígenas, uma parcela ainda mais minoritária: a população indígena LGBTQ+.
“Atualmente os indígenas LGBTQ+ sofrem discriminação dos próprios parentes, que reproduzem um preconceito que não faz parte de suas tradições. E quando esses indígenas LGBTQ+ saem de suas aldeias para os centros urbanos, fugindo dos ataques homofóbicos ou expulsos pelos parentes, sofrem duplo preconceito, por serem indígenas e por serem LGBTQ+”, descreve Marcelo.
O curta-metragem em formato de documentário produzido por Marcelo e Sônia Vilas Boas, também egressa do IESB, partiu do olhar sensível dos produtores sobre o estudo “Homossexualidade Indígena e LGBTQfobia no Brasil, duas faces da mesma moeda”, desenvolvido por ambos alguns meses antes. “Precisamos identificar como esse processo foi estruturado ao longo do tempo para partir para o processo de desconstrução da narrativa que gera esses preconceitos, essa violência e essa discriminação. Trazer isso para a academia é uma etapa de empoderamento dessas pessoas”, complementa Marcelo.
Assista ao documentário completo:
O filme já rodou festivais pelo Brasil e pode ser assistido pelo YouTube. Além disso, como forma de divulgar ainda mais o produto, na próxima quarta-feira (10/6), a partir das 18h, os produtores participarão de um debate junto com o orientador do trabalho, Márcio Peixoto, e do professor de Psicologia do IESB, Sandro Ribeiro. A conversa será transmitida ao vivo por meio da plataforma Blackboard Collaborate, e é aberta ao público.
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Por Felipe Caian Dourado