#FalaEgresso: Alice Prina

Publicado em 3 de junho de 2022

“Nunca pense que mudar é tempo perdido. Nós somos feitos da soma de todas as experiências”, diz a egressa da primeira turma de Design de Moda do IESB

Egressa do curso de Design de Moda, Alice Prina se reinventou inúmeras vezes até encontrar sua verdadeira paixão: a estamparia. Ao longo de seus 38 anos, atuou em diversas profissões, desenvolveu muitas habilidades e trabalhou em grandes marcas nacionais e internacionais. Seu começo foi em Brasília, mas sua vida, cheia de reviravoltas, a levou até Angoulême, cidade pequena no sudeste da França, onde vive atualmente se redescobrindo e enfrentando novos desafios todos os dias. Confira o relato da egressa:

“Eu fiz parte da primeira turma de moda do IESB, há mais ou menos 12 anos. Eu já era formada na época em psicologia pela UnB. Mas mesmo antes de fazer psicologia, eu tinha começado o curso de Desenho Industrial, também na UnB. Na época, eu não via as inúmeras possibilidades de atuação do design.

O design gráfico voltado para internet, criação de logos, era o que estava em alta. Eu jamais gostei dessa parte do design. Eu gostava era de desenhar. Então migrei para a Psicologia e foi o curso no qual me formei primeiro.
Mas a paixão pela criação manual não parou, então, mesmo após formada, trabalhei um pouco na área, mas fui tentar um recomeço no Senai/Cetiqt do Rio, um curso de graduação em Moda. Na época, eu já enxergava a possibilidade de trabalhar como figurinista, unir história, arte, moda e design.

Surgiu a oportunidade de voltar para Brasília e trabalhar em um setor de editoração, como diagramadora e fotógrafa dos eventos. Eu não queria largar o curso de Moda do Rio, mas foi justamente quando o IESB lançou sua primeira turma. O IESB tentava constantemente estabelecer parcerias ligadas à moda, como no caso do Capital Fashion Week, a semana de Moda que acontecia naquela época. Eu tive ótimas oportunidades nesses eventos.

Quando meu filho tinha quatro meses recebi o convite de uma marca de Moda de Minas Gerais para fazer estampas. A marca havia visto desenhos meus num blog que eu tinha na época. Eu jamais havia pensado em fazer estampa na vida. Eu não tinha a menor ideia nem de como se criava o rapport (desenho em repetição que se encaixa infinitamente para cobrir a superfície), mas eu queria tentar, e eu fiz. Fiz as estampas da coleção infantil. Eu penei, foi muito difícil, eles tinham exigências técnicas que mesmo hoje seriam trabalhosas, mas eu fiz, na madrugada, enquanto o bebezinho dormia.

Eu adorei fazer aquilo. Não era só desenhar, era o desenho mais a criação desse quebra-cabeça que são as estampas. Passei a aproveitar as horas do almoço no trabalho para treinar. E treinava e treinava, desenhava, pintava as estampas. Fui criando assim um primeiro portfólio. As oportunidades foram surgindo e se desenrolaram de vez quando eu passei a criar para a C&A.

Hoje, após mais de 10 anos atuando com criação de estampas, eu já desenvolvi estampas para grandes marcas e estamparias do Brasil e do mundo. Criei um projeto pessoal de intervenção fotográfica no qual eu revisito estampas que criei ao longo desses 10 anos de carreira e aplico elas digitalmente sobre superfícies diversas. São ao todo 50 fotos que fiz na pequena cidade de Angoulême, onde vivo. As estampas podem ser vistas sobre fachadas, portas, janelas, caixas de correio e tantos outros suportes urbanos.

Se eu pudesse dar uma pequena dica para os jovens, diria: nunca ache que mudar de escolha é ter perdido tempo. Nós somos feitos da soma de todas essas experiências. Não somos obrigados a seguir um único plano específico. Você deve ter foco, verdade, mas mantenha sempre as portas e janelas abertas. Há tantas coisas que nem sabemos que poderíamos fazer até o momento em que elas se apresentam diante de nós, como foi para mim a estamparia. Então arrisque, erre, levante e recomece”.

Relato da Designer de Moda e egressa do IESB, Alice Prina

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